Em busca de acolhimento, refugiados afegãos acampam em Guarulhos (SP)
Famílias começaram a chegar no Brasil após Talibã retomar poder no Afeganistão
Amanda Campos
Dezenas de refugiados do Afeganistão continuam acampados, à espera de acolhimento, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
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"Muitos chegam sem nada. [A higiene pessoal] não tem banho, tinha gente aqui no Aeroporto de Guarulhos dormindo sem colchão, tinha mulher grávida. Nós já tivemos a situação de um senhor de 103 anos de idade que ficou dois dias no aeroporto", afirmou a ativista Swany Zenobini.
As famílias começaram a chegar no Brasil em 2021, após os Estados Unidos retiraram as tropas do território afegão, e a retomada do Talibã ao poder. No sistema de repressão no país do Oriente Médio, as mulheres são as que mais sofrem. Rabia Akhlagi, por exemplo, perdeu não só o trabalho no governo, mas também o direito de escolher como se vestir. Ao SBT, ela contou que os talibãs consideram as mulheres seres inferiores, que precisam de orientação dos homens. Além disso, são proibidas de frequentar universidades e escolas.
À reportagem, um afegão, que preferiu não mostrar o rosto por temer represálias contra a esposa e os seis filhos que ficaram em Cabul, contou que fugiu depois que amigos que trabalhavam para as Forças de Segurança do país desapareceram, e o irmão foi espancado pelos radicais.
A Prefeitura de Guarulhos mantém um abrigo para os refugiados em parceria com instituições filantrópicas. No entanto, não há mais vagas disponíveis.
"A Casa Transitória conta hoje com 29 refugiados. Aqui eles têm lugar para dormir, fazer a própria comida e aprender o português", apontou Fábio Cavalcante, secretário de desenvolvimento e assistência social.
De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo, o Governo Federal não se antecipou à chegada dos refugiados, nem planejou o acolhimento. O Ministério das Relações Exteriores disse que, desde 2021, mais de seis mil afegãos receberam visto humanitário, e que a vinda da maioria foi intermediada por organizações da sociedade civil que promovem a integração dos imigrantes, e que apenas uma minoria chega ao Brasil em situação de vulnerabilidade.
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