Procura por seguro rural triplica nos últimos cinco anos
Modalidade de seguro protege de prejuízos causados por alterações climáticas; cobertura no Brasil é baixa
Rodrigo Garavini
Foi depois de uma chuva forte e um prejuízo de R$ 400 mil que o produtor rural José Carlos Pereira resolveu gastar R$ 15 mil para proteger sua plantação de milho, em Cesário Lange, cidade do interior de São Paulo. A procura por esse tipo de seguro cresceu três vezes no Brasil nos últimos 5 anos, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
"Cinco ou seis anos é o tempo que a gente leva para recuperar. Você tem que se desfazer daquilo que você tem de reserva, às vezes um carro pessoal, às vezes um gado que você tenha", diz José Carlos.
A arrecadação com essa modalidade de seguro foi de R$ 12,6 bilhões, no ano passado, bem acima dos R$ 4,28 bilhões, de 2018. E as recentes quebras de safra também resultaram no aumento das indenizações. Em 2022, elas cresceram 78%, em relação a 2021, somando R$ 10,3 bilhões.
Apesar do crescimento, dados do Ministério da Agricultura mostram que somente 15% da área plantada está segurada no Brasil. O percentual ainda é irrisório se comparado a outros países.
Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 90% das plantações estão seguradas. No Brasil, o Rio Grande do Sul lidera os números com quase 20% da área segurada, seguido por Paraná, com 17,7%, e São Paulo, com 15,7%.
O professor e coordenador do Mestrado Profissional em Agronegócio (MPAgro) Felippe Serigati diz que o benefício do seguro rural não é importante apenas para os produtores.
"Ele tem um grande efeito multiplicador, está gerando estabilidade econômica pra toda uma região. Colheu bem menos? A renda ficou menor. Essa renda ficando menor, é menos recurso que tá indo praquela cidade, aquela região. Vai movimentar menos o setor varejista local, o setor de serviços."