Estatísticas sobre indígenas vão ajudar nas discussões da Cúpula da Amazônia
Responsável pelos dados no IBGE está em Belém para participar do encontro
Fernando Jordão
Dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE nesta 2ª feira (7.ago) mostram que 51,25% dos indígenas do país -- equivalente a 867,9 mil indígenas -- vivem na região da Amazônia Legal, formada por estados do Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão. Essa e outras estatísticas do estudo vão servir de base para as discussões da Cúpula da Amazônia, que começa nesta 3ª.
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"São dados essenciais para essas discussões, porque eles nos mostram onde estão os indígenas na Amazônia Legal, se estão dentro ou fora de suas terras, e toda a realidade em vários detalhes dentro desse recorte", apontou Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, que está em Belém para participar da Cúpula. "Todas as discussões vão poder se pautar por uma estatística oficial recém-divulgada", acrescentou.
Em entrevista ao programa Poder Expresso, do SBT News, Marta ainda explicou os fatores que levaram à alta de 88,8% na população indígena do país. Além de mudanças no treinamento a recenseadores e alterações no mapeamento de terras, ela cita, principalmente, uma alteração de metodologia entre os dois Censos.
"Em 2010, a gente percebeu que uma parte significativa da população indígena tinha dificuldade de compreender uma pergunta que é aberta para todo o território nacional, em todos os domicílios todo mundo respondeu: sua cor ou raça é branca, preta, amarela, parda ou indígena. Entre os grupos indígenas, era difícil entender que essa pergunta não era sobre cor de pele ou o que tá no seu documento e, sim, sobre o seu pertencimento étnico. Então em 2010 a gente abriu uma segunda pergunta, que na altura era restrita às terras indígenas. Caso a pessoa se declarasse branca, preta, amarela ou parda, a gente perguntava: 'você se considera indígena?'. Uma pergunta mais direta, mais objetiva. A gente viu que em 2010 isso nos trouxe 15,3% das pessoas residindo dentro das terras. A demanda dos povos indígenas, suas organizações representativas, dos órgãos indigenistas e da academia é de que o IBGE ampliasse a abertura dessa pergunta também para fora das terras indígenas. Então com a abertura dessa pergunta fora das terras indígenas, em todas as localidades indígenas identificadas pelo IBGE, a gente recuperou, fora das terras indígenas, 40% de pessoas indígenas por meio dessa pergunta; 55,8% do aumento que a gente teve vem dessa pergunta", detalhou.
Assista à íntegra da entrevista (a partir de 4min51seg):