Consultor afirma sofrer ameaças e "temer pela vida" por disputa entre fornecedoras de combustível
OUTRO LADO: Dono da Refit não se pronunciou sobre fala de representante da Copape, mas nega acusação de sonegação de impostos
SBT News
Mohamed Hussein Mourad, consultor do grupo de combustíveis Copape, publicou um vídeo nas redes sociais, na sexta-feira (20), afirmando que pessoas próximas ao concorrente Ricardo Magro, dono da refinaria Refit, o ameaçaram.
Em uma suposta guerra entre empresas de aditivos, Mohamed afirmou que recebeu uma ligação dizendo que Magro "prepara uma grande operação policial contra ele, no estado do Rio de Janeiro".
O consultor disse que gravou o vídeo como prova de uma possível "armação", temendo risco de vida e de seus familiares, promovida pelo concorrente.
As atividades da Copape estão suspensas há mais de 100 dias por ordem da Agência Nacional de Petróleo (ANP), após suspeita de envolvimento com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e combustíveis irregulares. Segundo Mohamed, os prejuízos à Copape foram feitos sob responsabilidade de Ricardo Magro.
Esquema milionário de lavagem de dinheiro e a sonegação
Ricardo Magro é o maior sonegador de impostos do estado de São Paulo, com uma dívida de mais de R$ 8 bilhões com os cofres públicos, segundo a Procuradoria Geral do Estado (PGE).
No dia 12 de dezembro, a Polícia Civil realizou uma operação em empresas ligadas a ele suspeitas de lavar dinheiro do tráfico de drogas para a facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
O dinheiro ilícito passaria a ser legal por meio de transações entre postos de combustíveis do conglomerado de Magro, segundo documentos apreendidos pela investigação policial.
A apuração policial começou em novembro de 2023 após um caminhão que transportava roupas para o Nordeste ser apreendido com cocaína.
Desse caso, os investigadores chegaram aos donos da rede de combustíveis, que faziam negócios com o corretor de imóveis de luxo Antônio Vinicius Gritzbach, preso por lavagem de dinheiro para o PCC e assassinado em novembro deste ano.
"Hoje nós sabemos que o ramo de combustíveis é um grande setor ligado a eles [crime organizado]", declarou o delegado Augusto Cesar Pedroso Bicego.
Outro lado
No dia 13 de dezembro, a defesa de Ricardo Magro informou que não houve sonegação de impostos e que as investigações serão esclarecidas na Justiça.
O SBT News pediu um novo posicionamento para o empresário e para a Refit, mas não houve resposta. O espaço segue aberto e reportagem será atualizada.
Em nota, a ANP negou que tenha suspendido as atividades da Copape pela suspeita da empresa com envolvimento com o PCC, e sim por "inúmeras irregularidades", como:
- Combustível adulterado e comercialização em desacordo na legislação;
- Armazenamento irregular de combustíveis em caminhão-tanque e distribuição sem segurança;
- Venda e distribuição em locais não autorizados pela ANP;
- Compra de gás de cozinha (GLP) de fornecedor irregular, problemas fiscais e outras irregularidades.
"Em face desse conjunto de elementos, as diversas infrações em apuração no âmbito da ANP cometidas pelo agente econômico são gravíssimas e resultam em prejuízos significativos aos consumidores, comprometendo a qualidade e a segurança dos combustíveis comercializados. Além disso, as práticas em apuração promovidas pela COPAPE afetam negativamente o mercado concorrencial, criando uma vantagem competitiva de forma desleal sobre os demais agentes que operam em conformidade com as normativas da Agência.
No âmbito de atuação da ANP, conforme explicitado acima, estão em análise graves irregularidades associadas ao mercado de combustíveis e contrárias à regulamentação do setor", declarou a ANP.