"Última coisa que ela me disse foi 'eu te amo', lembra viúva de Marielle em julgamento

A terceira a testemunhar no julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi a vereadora Mônica Benício (PSOL), viúva da parlamentar. Antes dela, falaram a mãe da vítima, Marinete Silva, e Fernanda Chaves, a única sobrevivente do atentado e assessora de Marielle.

Mônica se emocionou logo no início do depoimento e demorou a conseguir falar. "A Marielle é uma das pessoas mais companheiras que eu conheci, no sentido mais generoso e bonito que essa palavra pode ter", disse.

A vereadora reeleita do PSOL relembrou, então, como elas se conheceram, o relacionamento – com muitas idas e vindas –, e destacou que as duas descobriram a orientação sexual juntas.

"Eu vivi muitas coisas bonitas do lado da Marielle e aprendi que o amor está nos detalhes. Eu lembro também do último segundo que eu vi a minha esposa com vida. E a última coisa que ela me disse foi 'eu te amo'", disse.

Quando perguntada sobre a falta que a esposa fazia, chorou mais uma vez e ficou em silêncio por alguns minutos. "Não vou conseguir dizer para você em palavras qual o tamanho da falta, mas essa dor da ausência, que se apresenta diariamente, cobre tudo. Cobre todos os detalhes", afirmou Mônica.

"Quando a Marielle morreu, o que eu senti é que tinham me tirado a promessa do futuro", disse a viúva.

Mônica também afirmou que após a morte da esposa pensou e até tentou se matar em mais de uma oportunidade. "Depois da morte dela, foram algumas as vezes que eu pensei em me matar – e algumas que eu tentei. Eu não acredito na morte física como um fim e, talvez só por acreditar que ela ainda existe, é a razão de estar aqui".