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Economia

Dólar não vai parar de subir? Entenda a alta da moeda e quando ela deve baixar

Antes de leilões do Banco Central, nesta terça-feira (17), o dólar ultrapassou o patamar histórico de R$ 6,20; economista tira dúvidas sobre a alta do câmbio

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Dólares e reais | Divulgação/Polícia Federal
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O valor do dólar voltou a subir nesta terça-feira (17), ultrapassando o patamar histórico de R$ 6,20, mas recuando após leilões realizados pelo Banco Central, fechando a terça-feira em R$ 6,0982, um novo recorde nominal. A alta cambial tem assustado brasileiros e o SBT News preparou um guia para você entender a situação da moeda norte-americana no Brasil.

+ Dólar dispara e chega a R$ 6,20, mesmo após leilão realizado pelo Banco Central

Segundo o boletim Focus, que resume as expectativas do mercado para diversos setores econômicos, a previsão do dólar também já vinha aumentando, saltando de R$ 5,60 há cerca de um mês, para R$ 5,99 na última segunda-feira (17), data da divulgação do documento. O relatório desta semana, no entanto, destaca uma queda na moeda norte-americana para 2025, mas menor do que a esperada nas últimas publicações.

Para conter a alta cambial, o Banco Central está realizando rodadas diárias de leilões de dólares, desde a última quinta-feira (12), a fim de frear a pressão sobre a moeda estrangeira. Somente nesta terça-feira (17), foram realizados dois leilões, um de US$ 1,2 bilhão e o outro de US$ 2 bilhões, amenizando a cotação que caiu para R$ 6,12 após as intervenções.

Este aumento acelerado do preço do dólar acontece horas após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que indicou a alta cambial como um dos fatores que levaram ao aumento da taxa Selic em 1,0 ponto percentual.

Por que o Dólar aumentou?

De acordo com Carla Beni, economista e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), para se pensar no aumento do custo do dólar no Brasil é necessário avaliar três fatores de impacto: políticas externas, políticas internas e a especulação.

"O Brasil tem uma moeda mais fraca que o dólar. Nós estamos, literalmente, no que se chama 'na periferia do capitalismo'. Então, se acontece algo do setor externo, a gente sofre o efeito colateral", explica a professora.

Um exemplo de impactos vindos de fora é a incerteza da política econômica dos Estados Unidos, após a eleição de Donald Trump — que prometeu uma série de medidas protecionistas, além de possíveis taxas para a importação.

Aqui no Brasil, a volatilidade do dólar pode estar atrelada ao pacote de cortes de gastos do Governo Federal enviado ao Congresso Nacional, que não estipulou redução de políticas públicas essenciais como a Previdência, reajuste de benefícios e outros. Ao mesmo tempo acontece a especulação financeira que é a prática de comprar ativos , neste caso, a moeda estrangeira — com o intuito de vender e lucrar com a variação de preços no futuro. É "um movimento de manada especulativa".

"Então, por que o Dólar está nesse patamar? Por que os três [fatores de impacto] estão acontecendo ao mesmo tempo. [...] Mas já passou da curva da tolerância do razoável, visto que o Banco Central fez intervenção no mercado de câmbio e o Dólar continua subindo", afirma a economista.

Quando o Dólar vai parar de subir?

Carla Beni explica que um aumento cambial em dezembro é comum, historicamente, pois empresas multinacionais que recebem a lucratividade do Brasil fazem o repasse para as matrizes, fora do país, resultando em uma saída de capital neste período do ano. Contudo, a professora diz que a situação atual é "atípica, com muita especulação e muitos elementos ao mesmo tempo".

Dessa forma, a economista afirma que não há um consenso para a previsão do fim do aumento do preço do Dólar no Brasil e nem para uma possível redução da moeda norte-americana, destacando que esse é um momento de retração econômica.

Como a alta cambial afeta o cotidiano dos brasileiros?

Segundo a professora da FGV, o principal efeito colateral do aumento da taxa de câmbio é o crescimento da inflação de custos — que não é tão facilmente controlada pela taxa Selic, como é o caso da inflação de demanda. Este tipo de inflação é resultado da elevação dos preços da produção de determinados produtos, sobretudo os importados, que independe da quantidade de pessoas que querem comprar estes itens. Assim, Carla Beni ressalta que é necessário pensar duas vezes antes de ir às compras neste período de alta cambial:

"Se o seu objeto de desejo, seja ele qual for, um item importado, uma viagem, se ele depende do câmbio, você precisa realmente parar e avaliar se é a hora de comprar ou se não é melhor esperar uma situação futura".

Contudo, para aqueles que já se planejaram para realizar uma compra ou já estão com viagem marcada para um lugar que necessite comprar dólares, também há alternativas.

"Se você já se programou, por exemplo, para uma viagem e ainda não fez a compra dos dólares, por exemplo, e você já tem passagem, estadia e está pronto para embarcar você vai ter que tomar outras medidas: você vai ter que decidir se você vai gastar agora ou depois. Isto é, se você vai com um cartão pré-pago e precisa do dinheiro 'hoje' ou se você vai usar o seu cartão de crédito e esperar lá na frente, apesar do IOF, e acreditar que o câmbio vai cair um pouco", disse a professora.

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