Acusados de matar travesti Laura Vermont são condenados por lesão corporal leve
Decisão da Justiça de SP considerou que réus "não tinham intenção de matá-la". Crime ocorreu em 2015
SBT News
Após dois dias de julgamento, três dos acusados de matar a travesti Laura Vermont, em 2015, foram condenados a um ano de prisão por lesão corporal leve. A Justiça de São Paulo, após o júri, considerou a pena prescrita, já que punição se deu mais de quatro anos depois do crime. O resultado saiu na noite de 6ª feira (12.mai)
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Outros dois réus foram absolvidos da acusação de homicídio, bem como os três citados acima. A decisão do tribunal "não considerou que a intenção deles foi matá-la". Laura Vermont foi espancada com socos, chutes e pauladas, e ainda foi baleada por um policial. Ela tinha 18 anos à época e morreu por traumatismo craniano após a violência.
Por lesão corporal leve, foram condenados Van Basten Bizarrias de Jesus, de 26 anos; Iago Bizarrias de Deus, de 24; e Wilson de Jesus Marcolino, de 22. Os absolvidos são Jefferson Rodrigues Paulo, 26; Bruno Rodrigues de Oliveira, de 22. Todos respondiam o processo em liberdade.
A decisão foi proferida pelo juiz Roberto Zanichelli Cintra, no 1º Tribunal do Júri da Capital, no Fórum da Barra Funda. O júri entendeu que os acusados não tinham a intenção de executar Laura, cometendo o homicídio, já que, após a análise de fotos e imagens integrantes no processo, a vítima "estava consciente, lúcida e caminhava pela via pública, o que permite concluir pela menor gravidade dos ferimentos, até então sofridos, devendo os acusados responderem por lesão corporal", segundo o magistrado.
A pena de lesão corporal, segundo o Código Penal, prescreve em quatro anos. O júri popular foi adiado duas vezes: o primeiro, em setembro de 2019; o segundo, em março de 2020. A justificativa dada foi a produção de mais provas e a pandemia de covid-19. Os representantes de Laura vão recorrer da decisão.
Relembre o caso
Laura Vermont foi agredida a socos, chutes e pauladas pelos acusados na Avenida Nordestina, em Itaquera, zona leste de São Paulo (SP), na noite de junho de 2015.
Quando dois policiais chegaram ao local e desceram da viatura, a vítima teria entrado no veículo, saindo e dirigindo em disparada. A travesti colidiu em um muro e um dos PMs chegou a disparar, atingindo o braço da jovem. Ela saiu do carro, ficando caída no chão, e foi socorrida pelo pai, mas não resistiu aos graves ferimentos.
Os PMs envolvidos não foram denunciados, mas foram considerados omissos, imprudentes e negligentes, além de cometerem agressões contra Laura e darem depoimentos falsos sobre o caso ? foram presos e soltos em questão de um dia; depois, foram expulsos da corporação no fim de 2016. Por esta situação, o governo de São Paulo foi condenado a pagar uma indenização à família da vítima de R$ 50 mil.
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