O caminho para um Brasil sustentável
Segundo o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, "a ressaca é o juro do porre". Quase 201 anos da independência do Brasil, mudanças estruturais ainda são necessárias
Rodrigo de Pinho Bertoccelli
*Integridade e Desenvolvimento é uma coluna do Centro de Estudos em Integridade e Desenvolvimento (CEID) do Instituto Não Aceito Corrupção (INAC). Os artigos têm publicação semanal.
Não fomos capazes de superar todas as desigualdades decorrentes de uma abolição tardia da escravidão e não nos afastamos da tentação da embriaguez fiscal.
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Igualmente não fomos capazes de controlar as instituições a fim de evitar o uso do poder para autobenefícios e à aprovação de leis para acomodar interesses, conforme avaliação de Daron Acemoglu e James Robinson na obra "Por que as Nações Fracassam".
O país ainda não encontrou um caminho de competitividade internacional que compatibilize desenvolvimento econômico e social.
O Brasil precisa ajustar as contas públicas e aperfeiçoar o sistema de integridade para atingir um crescimento econômico sustentável nos próximos anos. Através da eliminação de práticas fraudulentas, corrupção e desvios, é possível estabelecer um ambiente favorável e previsível para o crescimento econômico, proporcionando benefícios para os setores estratégicos da economia. Essa é a importância da integridade na governança pública e privada para promover o desenvolvimento econômico sustentável.
Embora o país tenha um grande potencial de crescimento, diversos gargalos limitam sua competitividade em comparação com outras nações. Um dos principais desafios é a infraestrutura precária, que dificulta o escoamento da produção e encarece os custos logísticos.
Para que o país possa alcançar um desenvolvimento econômico sustentável, é fundamental investir em transportes, portos, ferrovias, estradas e energia, a fim de garantir a eficiência e a competitividade das empresas brasileiras.
O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciado no último dia 11 de agosto pelo Governo Federal promete R$ 1,68 trilhões de recursos públicos e privados para os próximos anos.
No entanto, erros do passado serão cometidos se o programa não for conduzido de forma transparente visando a geração de riqueza verde e sustentável, assim como por meio de um adequado controle do orçamento e dos gastos públicos.
Além de investimentos em infraestrutura, uma educação inclusiva e a necessária equidade social, torna fundamental o aperfeiçoamento da governança; uma governança que integre os entes federados nas suas ações de desenvolvimento, promova cada vez mais a modernização do Estado e a desburocratização, tudo com transparência e a participação ativa da sociedade.
Outro aspecto que merece atenção é o sistema tributário brasileiro, conhecido por sua complexidade e elevada carga de impostos. Segundo estudo do Banco Mundial, o país ocupa a 184ª posição no ranking de facilidade para pagamento de impostos, o que prejudica a competitividade das empresas nacionais e afasta possíveis investidores.
É crucial o avanço na reforma fiscal de modo a simplificar e tornar mais transparente o sistema tributário, garantindo que as empresas possam operar de maneira eficiente e contribuir para o crescimento econômico.
Nesse contexto, a integridade nos setores público e privado desempenha um papel estrutural para a superação desses gargalos. Um ambiente onde a corrupção é reduzida permitirá a eficiência nos investimentos em infraestrutura, eliminando desvios e garantindo que os recursos sejam direcionados de forma adequada.
Além disso, empresas que priorizam a ética e a transparência em suas práticas de negócios estão mais aptas a enfrentar os desafios impostos pelo mercado globalizado, atraindo investimentos e estabelecendo relações comerciais sólidas.
Pesquisas e referências internacionais também reforçam a importância da integridade na busca por um desenvolvimento econômico sustentável.
O Índice de Percepção de Corrupção (IPC) da Transparência Internacional, por exemplo, evidencia a relação inversa entre integridade e desenvolvimento econômico, demonstrando que países menos corruptos são mais atrativos para negócios e investimentos.
Portanto, é fundamental que o Brasil enfrente seus desafios e busque aprimorar sua integridade na governança pública e privada.
Investimentos em infraestrutura, simplificação do sistema tributário e reformas administrativas são medidas necessárias para tornar o país mais competitivo.
Além disso, é imprescindível que a ética e a transparência sejam valores enraizados na cultura empresarial e no próprio governo. Somente assim poderemos construir um Brasil melhor, onde a integridade seja o alicerce para o desenvolvimento sustentável, a prosperidade econômica e a justiça social.
*Integridade e Desenvolvimento é uma coluna do Centro de Estudos em Integridade e Desenvolvimento (CEID) do Instituto Não Aceito Corrupção (INAC). Os artigos têm publicação semanal.
Este texto reflete única e exclusivamente a opinião do(a) autor(a) e não representa a visão do Instituto Não Aceito Corrupção.
Esta coluna é uma parceria entre o SBT News e o Instituto Não Aceito Corrupção (INAC).