Especial: "Holocausto: os campos da morte"
SBT vai a Auschwitz, o símbolo do horror; confira reportagem
Monica D?Alfonso
Um caminho para a morte. Era por esses trilhos que chegavam os prisioneiros. Na entrada, a placa com a infame inscrição: "o trabalho liberta". Feita pelos trabalhadores, ela tem a letra B de cabeça para baixo. Um aviso de que algo estava errado.
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Os prisioneiros eram separados em filas aqui mesmo. Mulheres e crianças de um lado. Homens do outro. A triagem era para definir quem seria capaz de realizar os trabalhos forçados. Os selecionados tinham um número tatuado no braço esquerdo.
As câmaras de gás que pareciam chuveiro para enganar as vítimas era o destino dos eliminados. O primeiro teste com pesticida foi feito neste porão, no bloco de celas. Depois de comprovada a eficiência, a substância seria usada aos montes. Os prisioneiros também eram orientados a colocar o nome nas malas, que nunca mais veriam.
As latas do veneno e os pertences dos prisioneiros, como louças, óculos, roupas, estão em exposição no Museu de Auschwitz. O lugar bateu recorde de público antes da pandemia: dois milhões de trezentos mil visitantes.
Pergunto a Pawel Savicki, assessor de imprensa, por quê as pessoas se interessam tanto pelo holocausto. Ele diz que, além de ser o primeiro genocídio documentado, é preciso entender como a ideologia nazista alemã tomou corpo e que a história é universal, porque todos os judeus, de todo o mundo, foram declarados inimigos.
Seu Stefan, judeu, nascido na Alemanha, conhece bem essa história. Ele só conseguiu escapar porque ficou escondido em um convento católico.
"Naquela época, eu estava junto com outras crianças, judias e não judias, em uma classe. Nós, no começo das aulas, tínhamos q rezar as rezas católicas. Ave Maria, Pai Nosso."
Fugiu para o Brasil com a mãe, quando tinha 11 anos. Só aqui soube que o pai foi uma das vítimas de Auschwitz.
Foi num navio cargueiro e no porão de carga colocaram um monte de beliches, havia centenas de pessoas lá embaixo. O navio balançava bastante e eu estava no beliche de cima, minha mãe embaixo, ambos enjoados e eu tinha que gritar para ela: tira a cabeça que eu vou vomitar!
Nas fotos, é possível ver que a maioria durava apenas meses aqui. E não tinha exceção - 90 dias foi o tempo para Czeslava ser morta. O retrato da menina, de apenas 14 anos, que aparece com o rosto aterrorizado e o lábio ferido chocou o mundo.
Como seu Stefam, muitos poloneses se descobriram judeus tardiamente, nos últimos 20, 30 anos, conta Sebastian Rudol, vice-diretor do centro comunitário judaico, em Cracóvia. Hoje, são 80 mil judeus na polônia que, segundo ele, mantêm-se abertos e em constante diálogo com a comunidade para que episódios como o Holocausto não se repitam.