Corregedoria da PM pede prisão de policial flagrado arremessando homem de ponte em São Paulo
Soldado Luan Felipe Alves Pereira foi investigado, em 2023, após matar motociclista com 12 tiros durante uma perseguição, mas o inquérito foi arquivado
Fabio Diamante
Robinson Cerantula
A Corregedoria da Polícia Militar pediu, nesta quarta-feira (4), a prisão do PM flagrado arremessando um homem de uma ponte na zona sul de São Paulo.
O Ministério Público abriu uma investigação do novo escândalo de violência policial em São Paulo, que chocou o país. O homem que foi jogado da ponte foi identificado. Marcelo Barboza Amaral, de 25 anos, sobreviveu, mas ainda não foi localizado.
O PM da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) também já foi identificado, segundo a polícia. É o soldado Luan Felipe Alves Pereira.
O ponto de partida da investigação é o depoimento de Marcelo. Ele tem dois endereços, um perto do local onde tudo aconteceu e um em Praia Grande, no litoral paulista, mas ele não foi encontrado em nenhum dos locais.
A investigação terá a participação direta do ministério público. O Grupo Especial de Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (GAESP) determinou que vítima, agressor e testemunhas sejam identificados e ouvidos. Uma perícia deverá ser realizada no local, e as imagens das câmeras de segurança serão apreendidas.
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A promotoria determinou ainda que a Corregedoria da PM mantenha afastados todos os 13 policiais envolvidos na ocorrência e envie as imagens das câmeras corporais dos militares. O Ministério Público quer ainda a ficha funcional de todos os PMs que participaram da ação, incluindo punições e investigações anteriores ao fato.
O soldado Luan Felipe Alves Pereira já foi investigado, em 2023, por homicídio. Ele matou um motociclista com 12 tiros, durante uma perseguição, em Diadema, na Grande São Paulo, mas, o MP entendeu que o PM agiu no estrito cumprimento do dever e o inquérito foi arquivado.
A promotoria também fez uma recomendação ao comando da PM para que seja feita uma atualização nos procedimentos operacionais sobre abordagens policiais, além da utilização de câmeras corporais em todas as operações.
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A imagem do homem arremessado da ponte aumentou ainda mais o desgaste do governo paulista na área da segurança pública. A violência nas ruas e os muitos casos de abuso da PM viraram um problema para o governador Tarcísio de Freitas.
Em Brasília, visivelmente irritado, ele disse que não pretende trocar o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania condenou o abuso de poder dos policiais militares de São Paulo e classificou como estarrecedora a imagem do agente ao arremessar um cidadão de uma ponte. O ministério ressaltou que somente com a gravação do vídeo foi possível descobrir a truculência policial e que vai acionar a Secretaria de Segurança Pública para cobrar a apuração do caso.
Nossa reportagem não conseguiu contato com a defesa do policial militar.