Líder religiosa é apontada como mandante de assassinatos no interior de SP
Polícia Civil de Americana (SP) prendeu dois suspeitos de envolvimento nos crimes; outros dois seguem foragidos
Emanuelle Menezes
Kaê Carneiro
Fátima Souza
A Polícia Civil de Americana (SP) prendeu nesta quinta-feira (30) dois suspeitos de envolvimento em assassinatos no interior do estado. A mandante dos crimes seria uma líder religiosa, que usava da crença dos seguidores para coagi-los a participar das execuções.
As investigações começaram em novembro de 2024, quando um funcionário da Secretaria Municipal da Saúde de Vinhedo (SP), de 55 anos, desapareceu. Quatro dias depois, colegas de trabalho decidiram ir até a casa do homem para procurá-lo e, ao chegarem no local, o encontraram morto, já em estado de decomposição.
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Aos policiais, a namorada da vítima disse que havia passado uma semana na casa de uma amiga e que, quando retornou, o companheiro já estava morto. Esheley Mendes também era funcionária da rede municipal de saúde e se relacionava com o homem há três meses. A amiga dela, Tuta, prestou depoimento na delegacia e confirmou a versão.
O celular da vítima não foi encontrado no local e, depois, a polícia apurou que transferências bancárias foram realizadas pelo aparelho no dia da morte, totalizando R$ 180 mil. Os valores foram depositados em contas de Esheley e Tuta.
Já em janeiro de 2025, foi a vez do empresário de Americana Davi Aires da Costa, de 63 anos, desaparecer. O homem sumiu no dia 12 e, seis dias depois, foi encontrado morto no Cemitério de Sumaré, com sinais de mutilação. Ele teve seu órgão genital cortado e levou dois tiros na cabeça.
Investigadores da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Americana concluíram que o último local onde Davi foi visto foi em um terreiro liderado por Tuta. A travesti, que reside em Campinas, era a amiga que confirmou a versão de Esheley sobre a morte do homem em Vinhedo.
Com os casos interligados, os investigadores do caso de Vinhedo também foram acionados para auxiliar nas apurações. Outro suspeito foi identificado pela polícia com o avançar das investigações. "Pai Fuji", líder religioso na cidade de Sumaré, recebeu valores em sua conta bancária após o assassinato de Davi.
Após a morte do empresário de Americana, transferências bancárias também foram realizadas para a conta de Tuta, o que, de acordo com a polícia, indica sua participação nos dois crimes.
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O autor do assassinato de Davi, segundo a polícia, é "Fucho", um amigo que também frequentava o centro religioso. Ele teria sido ajudado por Esheley, namorada do homem assassinado em Vinhedo – outro forte indício de ligação entre os acontecimentos.
Mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos em Sumaré (SP), Hortolândia (SP), Campinas (SP) e Vinhedo (SP) nesta quinta-feira (30). "Fucho" e Esheley foram presos e confessaram participação nos crimes. Ambos afirmaram que eram coagidos por Tuta, que utilizava a religião para ameaçá-los e amedrontá-los. Tuta e "Pai Fuji" seguem foragidos.