VÍDEO: motociclista rendido e mulher são agredidos por PMs em São Paulo
Caso aconteceu no mesmo dia em que um policial foi flagrado jogando um homem de uma ponte; Polícia Militar disse que abriu investigação
Emanuelle Menezes
Policiais militares da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) agrediram um motociclista rendido e uma mulher, no domingo (1º), na zona norte de São Paulo. Um vídeo que flagrou a ação começou a ser compartilhado nas redes sociais após a repercussão de outras notícias de truculência policial (veja mais abaixo).
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O caso teria acontecido no cruzamento das ruas Gregório Pomar e Fortunato Devoto, no Jardim Damasceno. Nas imagens, é possível ver que o homem – que leva uma mulher na garupa – é perseguido por seis PMs. Um dos policiais bate propositalmente na moto em que estão os dois e acaba caindo. Ele levanta rapidamente e passa a agredir o homem com socos.
O motociclista cai no chão e passa a receber chutes e golpes de cassetete de outros agentes. A mulher, que inicialmente é contida por um PM, também acaba golpeada.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que analisa as imagens e que os policiais envolvidos no caso foram identificados. Ainda segundo a PM, os ocupantes da moto teriam desobedecido a uma ordem de parada e tentado fugir dos agentes da Rocam.
"Foi aberta uma investigação preliminar para apurar a conduta durante a abordagem", diz a corporação.
Truculência da PM paulista
O vídeo da abordagem truculenta na zona norte foi filmado no mesmo dia em que um policial militar foi flagrado jogando um homem de uma ponte, na zona sul de São Paulo. 13 policiais foram afastados por envolvimento na ação.
Na segunda-feira (2), também foram divulgadas novas imagens que contestam a versão do PM que atirou 11 vezes e matou, pelas costas, Gabriel da Silva Soares, de 26 anos, que havia furtado pacotes de sabão em pó de um supermercado na zona sul da capital paulista no começo do mês. Em depoimento, Vinicius de Lima Brito alegou que atirou contra Gabriel em legítima defesa, e que o jovem estaria armado, versão desmentida pelas câmeras de segurança.
A repercussão negativa dos casos – todos filmados e viralizados nas redes sociais – fez o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) mudarem o tom em declarações.
Em março, questionado sobre a truculência policial e denúncias de execução sumária cometidas por agentes durante a Operação Verão, o governador demonstrava tranquilidade em relação à conduta da tropa e chegou a declarar: "pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí".
Nesta terça-feira (3), ele usou as redes sociais para dizer que "quem atira pelas costas não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão rigorosamente investigados".
O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, prometeu "severa punição" para os policiais envolvidos. "Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição", escreveu nas redes sociais.