Câmeras com reconhecimento facial serão usadas no combate ao feminicídio em SP
Tecnologia ajudou a capturar mais de 500 foragidos e agora foca na proteção a mulheres ameaçadas
Bruna Macedo
Majô Gondim
As câmeras de reconhecimento facial espalhadas pelas ruas da capital paulista e que já auxiliaram na captura de centenas de foragidos da Justiça serão também utilizadas no combate ao feminicídio. A nova aplicação da tecnologia busca reforçar a proteção a mulheres que possuem medidas protetivas contra agressores.
No último ano, os crimes contra mulheres atingiram um recorde histórico no estado. Entre os casos já registrados, está o de Edivani de Oliveira Daniel, assassinada de forma cruel, há 20 anos pelo ex-cunhado, Roberto Carlos Rodrigues. Ele ateou fogo na casa onde a vítima estava com os filhos, causando a morte de Edivani, que teve 70% do corpo queimado.
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A filha também sofreu queimaduras, mas sobreviveu. Condenado a 20 anos de prisão, o criminoso cumpriu sete e, em liberdade, voltou a ameaçar a família, que solicitou uma nova medida protetiva.
"Ele mandou mensagens pelas redes sociais para minha sobrinha. E nós temos apenas um papel nas mãos, que é uma medida protetiva. Se ele aparecer, o que vai dar tempo de fazer?", questionou a irmã da vítima.
Nos últimos seis meses, as câmeras inteligentes ajudaram na prisão de 552 foragidos. Para que o sistema passe a identificar também rostos de agressores de mulheres, é necessário que o governo do estado forneça as informações das medidas protetivas.
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A expectativa é que o projeto ajude a reduzir o número de crimes contra mulheres. As mais de 23 mil câmeras espalhadas pela cidade devem detectar, por meio do reconhecimento facial, quando um agressor ultrapassar o limite estipulado pela medida protetiva, especialmente se estiver usando tornozeleira eletrônica. Caso isso ocorra, um alerta será enviado à central de monitoramento, acionando a polícia em tempo real.
"O que queremos é que um alarme seja disparado em tempo real e a viatura mais próxima atenda rapidamente a essa mulher", afirmou o secretário municipal de Segurança Urbana, Orlando Morando.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2024, mais de 221 mil mulheres e meninas sofreram violência no Brasil. Em São Paulo, os feminicídios bateram um recorde histórico, com 226 casos registrados entre janeiro e novembro, um aumento de 16% em relação a 2023, segundo a Secretaria da Segurança Pública.