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Brasil

Boate Kiss 10 anos depois

Parentes e sobreviventes ainda buscam justiça e réus aguardam julgamento em liberdade

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Reprodução/VT
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Uma década depois do incêndio que matou 242 pessoas na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), parentes das vítimas e sobreviventes vivem a dor de um processo sem fim. Gabriel Rovadoschi Barros, presidente da Associação de Familiares das Vítimas e Sobreviventes, diz que é difícil lidar com os sentimentos depois da tragédia. "É um sentimento de culpa por ter sobrevivido, culpa por não ter conseguido fazer mais, culpa por não ter ajudado mais", lamenta.

Em dezembro de 2021, após dez dias de julgamento, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, sócios da boate; Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira e Luciano Bonilha Leão, assistente da banda, foram condenados a até 22 anos de prisão. O subprocurador geral Júlio César de Melo, explica porque o Ministério Público do Rio Grande do Sul entende que os 4 réus foram os responsáveis pelo desastre. "Os proprietários do estabelecimento, ao contratarem a banda que fazia esse espetáculo pirotécnico, instalaram uma espuma que era inapropriada para aquele ambiente. Os integrantes da banda foram os responsáveis por adquirir os fogos de artificio e  direcionaram aqueles fogos para o teto do ambiente", diz.

Os advogados dos quatro réus entraram com recurso e oito meses após a condenação o julgamento foi anulado. Entre os motivos da anulação estão a seleção dos jurados, que foi feita fora do prazo, e a pausa no julgamento para uma reunião reservada do juiz com os jurados. Os réus aguardam uma definição da justiça em liberdade.

Enquanto os envolvidos continuam livres, o novo julgamento do caso ainda não tem data marcada. O processo tramita no Departamento de Recursos do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. O Ministério Público considera que o Júri realizado foi válido e tenta reverter a anulação.

Os advogados de defesa esperam por um novo julgamento. Tatiana Borsa Vizotto, que defende Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda, diz que seu cliente jamais teve intenção de matar os jovens que se divertiam naquela noite. Jean Severo, advogado de Luciano Bonilha Leão, diz que não vê qualquer responsabilidade do assistente da banda. "Luciano é vitima. Porque o Luciano cai dentro da boate,é socorrido, é retirado pra fora e volta pra ajudar as pessoas". Jader Marques, que defende Elissandro Spohr, um dos sócios da Kiss, afirma que seu cliente só teria responsabilidade se tivesse conhecimento da utilização dos fogos. Já Bruno Seligman de Menezes, advogado de Mauro Hofmann, outro sócio da boate, diz que ele nunca se eximiu de sua responsabilidade como empresário, mas não tem responsabilidade criminal. " Ele não teve uma ação ou omissão que tenha levado a esse resultado trágico', diz.

E dez anos depois, Gabriel, o presidente da associação das vítimas, ainda vive a angústia de ser um dos sobreviventes de uma tragédia até hoje sem respostas. "Essa presença da impunidade, ela tranca, ela fere, ela causa muitos desfavores em várias frentes. Ela privilegia o apagamento dessa história, o que torna quase que um convite aberto a novas tragédias, a novos crimes, a novos massacres dessa magnitude".

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