13 cidades da Amazônia estão entre as piores em qualidade do ar no Brasil, aponta estudo
Queimadas na região impactam a saúde da população e fazem o ar ficar 53 vezes pior do que o recomendado pela OMS
Mayra Leal
Um estudo da Coalizão Respira Amazônia, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), revelou que 13 das 38 cidades com a pior qualidade do ar no Brasil estão localizadas na Amazônia Legal. As queimadas e os incêndios florestais aumentaram 116% no bioma entre janeiro e agosto de 2024, atingindo uma área de 11 milhões de hectares. O uso do fogo para manejo do solo e áreas recentemente desmatadas libera grande quantidade de poluentes nocivos no ar.
A bióloga e pesquisadora Jéssica Barros sentiu os efeitos da poluição ao participar de uma atividade científica na Floresta de Caxiuanã, no Pará. Ela sofreu intoxicação pela fumaça e precisou buscar atendimento médico.
“Foi bem desesperador porque eu não conseguia abrir os olhos. A gente ficou dez dias e já nesses dez dias eu consegui sentir falta de ar, ardência nos olhos, muita dor de cabeça, tontura”, relatou.
A exposição prolongada a essa poluição afeta ainda mais as comunidades locais, que enfrentam dificuldades de acesso a atendimento médico.
“Em poucos dias eu pude perceber isso. Imagina as pessoas que vivem nessas áreas e não têm acesso rápido a enfermeiros ou a uma unidade de saúde”, ressaltou Jéssica.
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A pesquisa aponta que cidades da Amazônia Legal registram índices de poluição alarmantes, comparáveis aos de grandes metrópoles. Entre janeiro e agosto do ano passado, um terço dos municípios com pior qualidade do ar estavam na região.
O estudo ainda revelou que, em algumas regiões, como no Xingu, o nível de poluição do ar chega a ser 53 vezes superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Cidades mais afetadas
Roraima: Iracema, Caracaraí, Mucajaí
Rondônia: Porto Velho, Guajará-Mirim, Costa Marques, Machadinho do Oeste
Amazonas: Lábrea, Manicoré, Canutama, Humaitá, Nova Aripuanã
Acre: Feijó
A diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar, reforça que a degradação da floresta impacta diretamente a saúde pública.
“Falamos tanto da importância da floresta para um ar mais puro, mas o que temos visto é que municípios da Amazônia estão com uma qualidade do ar muito imprópria para a saúde humana. As queimadas têm sido a principal fonte dessa poluição”, explicou.