Produtividade e diversificação de culturas são segredos do agro paulista
Área de cultivo em São Paulo responde por 3% do total do país, mas exportação do estado equivale a 16,3%
Guto Abranches
São Paulo tem três por cento da área física do Brasil aplicados em atividade do agronegócio. Em relação a tudo o que é comercializado pelo setor, a proporção cresce para 15%. Já a "pauta" do agro tem 37% do total do país representados no estado. "Isso é resultado da produtividade, da diversificação do que se planta e se colhe em São Paulo. Tem de tudo um pouco aqui, além da pesquisa dedicada, que dá impulso à produção", explica o Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Junqueira. Em entrevista ao SBTNews ele fala do que o agro de São Paulo tem conquistado. E do que ainda tem como desafios a serem enfrentados.
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Guto Abranches: Secretário, o agro de São Paulo é forte em quê?
Antonio Junqueira: A maior cultura é a cana de açucar, que vai ter um futuro brilhante. Tudo girando em torno da energia verde, do plástico degradável que vem da cana, o etanol, as baterias pra carro elétrico que podem usar etanol... as pequenas culturas são muito importantes. E tem ainda o turismo rural, que é o melhor do Brasil e vai crescer.
GA- O senhor pode dar exemplos?
AJ- Tá me passando na cabeça uma cavalgada, desde produções pequenas de pessego, uva, morango, aí chega numa pousada, come um doce de leite das vacas dali do entorno. E não posso esquecer das vinícolas. São Paulo tem 217 vinícolas pra produzir vinhos tão bons quanto os de fora. Houve uma revolução: em 2018, tinhamos 4 vinícolas. Agora são 217. Produção com ciência, pesquisa. Fabricação de vinho de boa qualidade e os empresários estão investindo pesado.
GA- E as críticas que colocam o agro como antagonista da preservação ambiental?
AJ- Nós estamos criando o selo de qualidade dos produtos paulistas, que têm boas práticas ambientais. O Código Florestal, por exemplo, pede que 20% das reservas permaneçam preservadas nas propriedades; nós temos 23%. O produtor está plantando mais. Contribuindo com o meio ambiente, com as mudanças climáticas. E por conta disso, nós teremos os produtos certificados de São Paulo de acordo com todas as boas práticas de mercado, inclusive internacional.
GA- O mundo exige isso, né?
AJ- Claro. Por isso nós vamos estar andando muito dentro da regra, da lei, mas precisamos ser remunerados por conta disso. O Brasil todo. O Brasil vai ser o maior produtor de alimentos do mundo e o maior conservador do ambiente também. Eu acho que o principal recado que esse governo novo de São Paulo dá é o respeito a população. Respeito e dignidade. É assim que nós estamos tratando a secretaria.
GA- E está dando certo?
AJ- Nós temos vários países vindo conversar para investir em São Paulo. Também com o Banco Mundial, com a Jica do Japão [Agência de Cooperação Internacional do Japão], vamos andar muito ligados ao setor do meio ambiente. Tem a biomassa e etc. Vamos modenizar a agricultura, fazer com que o produtor seja visto de uma maneira diferente.
GA- Desafios?
AJ- Nós precisamos levar a conectividade ao campo, ao pequeno e ao médio produtor, que precisam um grande auxilio do governo, É nessa linha que estamos trabalhando forte.
GA- O que os senhores não abrem mão de realizar nestes quatro anos?
AJ- Eu acho que o governador quer deixar a marca dele, fazer um governo diferente. Eu tenho um propósito que é deixar a minha marca, melhorar a vida das pessoas. Na saúde, segurança, agricultura. A conectividade no campo é muito importante para tornar o pequeno produtor em "alguém". Vai ter a chance de conhecer os mercados, ter a informação on line, que é muito importante. Se eu conseguir deixar a conectividade funcionando eu vou poder falar 'olha, valeu a minha passagem pela secretaria'.
GA- E tem linha de financiamento?
AJ- O Feap [Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista] é o maior projeto que temos na secretaria. Linha de crédio ao pequeno produtor, com juros de até 3% ao ano, alimentado pelo tesouro e também pelo próprio tomador dos créditos: porque as pessoas pagam. Não temos nem 3% de inadimplência nesta modalidade. [O Feap tem R$ 201 milhões deliberados para aplicação em operações de investimentos, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo; são mais de 500 contratos emitidos beneficiando a 4,5 mil produtores rurais no estado].
GA- E o que é o Programa de Regularização Ambiental (PRA)?
AJ- É um certificado que o produtor consegue através de boas práticas tanto na produção quanto na preservação ambiental. Neste ano, no plano safra, o produtor que tem PRA já tem desconto de 0,5%, já é um ganho. E estamos no caminho certo. Desconto nas taxas quando fizer o investimento e o crédito rural. Toda cifra ajuda, ainda mais se for pra baixo. Temos que ter boas práticas e ajudar o produtor a ter uma qualidade de vida melhor e os consumidores a consumirem produtos de melhor qualidade. Eu julgo a agricultura ser o maior e melhor negócio do Brasil. Temos que continuar incentivando, principalmente a pesquisa. As pessoas não conhecem com profundidade a importância da pesquisa. É um investimento muito importante. O mundo está à espera de bons alimentos, a gente tem tudo pra dar certo, só precisamos ter muito juízo. O Brasil tem muito jeito e nós vamos dar certo.
Veja aqui a íntegra da entrevista do Secretário de Agricultura de São Paulo, Antonio Junqueira:
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