Eleito presidente da Câmara, Hugo Motta faz discurso em defesa da democracia e da Constituição
Deputado fala em fim da polarização, cita frase de Ulysses sobre ter ódio e nojo de ditadura, defende a responsabilidade fiscal e independência dos poderes
Marcela Guimarães
Em um discurso marcado pela defesa da Constituição, o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), falou em busca pelas "convergências que constroem, e não as divergências que destroem". Lembrando que ocupa a cadeira que foi de Ulysses Guimarães, líder do movimento das "Diretas Já", a quem chamou de o "pai da nossa Constituição", Motta fez também uma defesa contundente da democracia.
“Tenho ódio e nojo às ditaduras", declarou Motta, parafraseando Ulysses Guimarães. O deputado foi aplaudido pelos parlamentares presentes, que também gritavam "democracia".
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Segundo Motta, "não existe ditadura com Congresso forte". Por isso, prometeu transparência do Parlamento e obediência à Constituição. "Serei um guardião da independência e um sentinela pela harmonia", afirmou o deputado, que, em meio ao seu discurso, fez o gesto histórico de Ulysses - segurando um exemplar da democracia acima da cabeça - e gritou: "Viva a democracia!"
Motta também fez uma referência ao filme brasileiro "Ainda Estou Aqui" - indicado ao Oscar em 3 categorias - ao dizer: "ainda estamos aqui", em relação ao papel dos parlamentares que ocupam o Congresso Nacional.
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"O povo não quer discórdia, quer emprego. Não quer luta pelo poder, quer que os poderes lutem por ele... não temos tempo para errar, o povo quer resultado: emprego, educação para seus filhos, quer viver melhor, quer um futuro melhor", declarou o novo presidente da Câmara dos Deputados, enfatizando o fim da polarização na política brasileira.
Motta também defendeu uma gestão economicamente responsável, citando que não se pode mais discutir o óbvio: "Nada pior do que a inflação e a falta de estabilidade da economia".
O novo presidente da Câmara citou a importância das medidas de responsabilidade fiscal, e cobrou dos colegas deputados apoio à política econômica. "Não se apaga fogo com gasolina", declarou. "Nosso dever é apagá-lo pelo povo brasileiro", enfatizou, afirmando ainda que não há democracia com caos social. E reforçou que "defender a estabilidade econômica é defender a estabilidade social".
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Ainda em uma mensagem de conciliação, o novo presidente da Câmara defendeu a independência dos poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - ao mesmo tempo que lembrou que deve haver respeito e trabalho conjunto pelo bem da sociedade brasileira. "`Passou o tempo do dedo na cara. Agora é olho no olho. O respeito não grita", enfatizou.
Motta também agradeceu o apoio que recebeu da grande maioria dos parlamentares, de direita, centro e esquerda, citando o presidente de seu partido (Republicanos), Marcos Pereira, e também ao "amigo", deputado Arthur Lira, "que foi incansável" para encontrar o consenso em torno do seu nome para a liderança da Câmara.